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28/04/2020 / Por Jadlog
Empresas de logística expressa operam em ritmo de Black
Friday
Com quarentena, volume de entregas quase duplica em abril em
relação a março
Por Alexandre Melo — De São Paulo
28/04/2020 05h01 · Atualizado há 3 horas – Valor Econômico
As empresas de logística
expressa estão em ritmo de Black Friday antecipada, com a alta das compras
on-line de remédios, alimentos e até de eletrodomésticos. O volume de entregas
em abril quase dobra em relação a março. Há empresas ampliando o número de entregadores
e planejando ampliar a capacidade de armazenagem, mas há também quem estude
adiar investimentos, pois os custos operacionais cresceram com os cuidados para
combater a covid-19.
Na primeira quinzena de março
foi registrada queda de até 30% no volume de entregas em algumas
transportadoras. Mas em abril o cenário mudou e as empresas trabalham manter as
operações ininterruptas.
A Loggi, companhia brasileira
que faz entregas com uma rede de motociclistas, viu crescimento de 94% nas
encomendas em abril ante março. Cerca de 80% das viagens feitas pelos 40 mil
motoboys são para levar medicamentos, refeições e compras de supermercados.
“Foi colocada uma pressão
tremenda na operação”, disse Fabien Mendez, cofundador e presidente da Loggi,
avaliada em US$ 1 bilhão depois de ter recebido um aporte de US$ 150 milhões
liderado pela japonesa Softbank em junho do ano passado. Segundo Mendez, houve
queda brusca no serviço de mensageria, já que a maior parte das pessoas está
trabalhando remotamente. Mas foi compensada pelo volume de compras feito pelos
brasileiros no comércio eletrônico.
A pandemia não suspendeu os
planos da Loggi, que investirá R$ 250 milhões neste ano, 50% a mais que em
2019, para contratar engenheiros e comprar softwares e equipamentos de automação.
Parte dos recursos vai para centros de distribuição. A empresa conta hoje com
um CD e mais dois serão abertos neste trimestre. Além disso, existem 40 áreas
de armazenagem e expedição. Em fevereiro, a empresa, com sede em São Paulo,
expandiu para 180 cidades a rede de lojas Leve, operadas por terceiros e que
funcionam como mini-hubs para separar mercadorias e expedir pacotes.
Dados da consultoria GfK
mostram que o faturamento das lojas on-line com bens duráveis cresceu 55% na
semana de 6 a 12 de abril, em base anual. Nesse canal, as vendas de
ventiladores cresceram 122%, seguidas por depiladores (103%), notebook (95%),
barbeadores (91%) e TV’s (57%).
A demanda maior também foi
sentida pela Jadlog, controlada pela europeia DPDgroup. O presidente Bruno
Tortorello disse que na segunda semana de março o volume de encomendas caiu
30%, mas a partir do fim de março houve aumento massivo do comércio eletrônico.
“Nas últimas duas semanas ativamos um plano de Black Friday e estamos
trabalhando 24 horas por dia”, disse o executivo.
No início da quarentena,
os itens mais comprados eram TVs, notebooks e acessórios para garantir o
trabalho remoto e o entretenimento da família. Depois, as entregas ficaram
concentradas em produtos perecíveis e remédios controlados. Segundo Tortorello,
as entregas feitas ao consumidor representam 60% dos negócios.
A Jadlog abriu 200 vagas,
entre temporárias e com carteira assinada, para as funções de motorista,
ajudante e encarregado para aumentar a capacidade de atendimento em São Paulo,
Rio de Janeiro, Curitiba e Recife. O executivo disse que os custos
administrativos aumentaram, porque a empresa criou um fundo de apoio para seus
500 franqueados, funcionários e agregados, no valor de R$ 500 mil. A companhia
tem um centro de distribuição no Estado de São Paulo e 17 mini-hubs no país.
Nos planos da Jadlog
estava a construção de um novo centro de distribuição no mercado paulista
orçado em R$ 100 milhões, mas para preservar o caixa em momento de crise, o
projeto pode ser adiado para 2021. “Estudamos as melhores alternativas e tudo
dependerá da economia nos próximos meses”, afirmou Tortorello.
Na Sequoia Logística,
controlada pelo fundo Warburg Pincus, a média de 100 mil entregas diárias caiu
no início de março, mas agora já cresce acima de 10%. “No primeiro trimestre
não houve impacto, mas a previsão de faturamento para o ano será revisada”,
afirmou o presidente Armando Marchesan Neto. A previsão era alcançar R$ 1,25
bilhão em 2020.
A dúvida de Marchesan é como
será o quarto trimestre, que representa entre 35% e 40% do faturamento da
empresa, devido às entregas para Black Friday e Natal. No fim de 2019, a
Sequoia refinanciou uma dívida de R$ 150 milhões para dar fôlego ao caixa neste
ano.
Para atender à alta demanda
do comercio eletrônico, a Sequoia remanejou funcionários. O pessoal que
abastecia redes de vestuário em shopping, por exemplo, passou a atender lojas
on-line.
A Braspress Transportes
Urgentes, que faturou R$ 1,3 bilhão em 2019, também observa crescimento nas
encomendas, especialmente na categoria de produtos com até 15 kg. “É quase uma
Black Friday. A área tem crescimento exponencial”, disse o diretor comercial,
Giuseppe Lumare Júnior.
Na divisão de negócios para o
consumidor, que inclui majoritariamente as lojas virtuais, a participação no
faturamento subiu de 25%, antes do início da pandemia, para os atuais 55%. O
diretor disse que a Braspress está se estruturando para avançar na entrega de
pacotes abaixo de 5 kg, segmento dominado pelos Correios, e que tem o potencial
de dobrar as vendas em até três anos.
Os
Correios informaram que houve avanço no fluxo postal, principalmente no
comércio eletrônico, em março e abril ante igual período de 2019. Diante da
pandemia, foi contratada em março uma linha de crédito para capital de giro de
R$ 250 milhões com o Banco ABC Brasil.